Força de trabalho competente e capaz Por Andréa Drumond O ‘coração’ de uma empresa está em sua força de trabalho. São os colaboradores que ajudam uma instituição a crescer e ser reconhecida como referência. No campo da Saúde, a força de trabalho competente e capaz é fundamental para a prestação do serviço, com qualidade e segurança. Tanto que há critérios internacionalmente recomendados nesse aspecto. É sobre eles que vamos falar agora. Inicialmente, vale destacar que é papel de uma instituição de saúde é garantir que seus profissionais tenham credenciais válidas para atuarem no cuidado aos pacientes, desenvolvendo processos para recolher, verificar e avaliar estas credenciais de seus médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde de nível superior. Isto significa que a instituição deve providenciar a verificação na fonte primária das credenciais (diplomas e certificações) de seus profissionais, para autorizá-los a prestar serviços para pacientes. |
Cabe ainda a instituição, desenvolver um conjunto de medidas para assegurar a capacitação, orientação e educação continuada de sua força de trabalho, definindo processos para garantir o conhecimento e as habilidades dos profissionais clínicos e não clínicos que atendam às necessidades da instituição. Este processo deve incluir também o treinamento nas técnicas de ressuscitação, para garantir o suporte à vida de forma apropriada, quando necessário. É importante salientar que a instituição deve desenvolver procedimentos para descrever as responsabilidades e designações de cada profissional, com base nas suas credenciais, instituindo medidas para a avaliação de desempenho ao longo de todo o período de exercício profissional. Assim, a qualificação deve ser tomada como algo perene que se modifica, se aprimora e se desenvolve ao longo do tempo. A importância dessa temática é tão valorosa para instituições de saúde de qualquer porte, que o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) - representante exclusivo da maior agência verificadora da qualidade em saúde no mundo, a Joint Commission International (JCI) -, dedicou um capítulo exclusivo sobre esses critérios nas recomendações de seu novo produto: o "Fundamentals for Care", voltado para instituições não acreditadas que desejam seguir padrões mínimos de qualidade e segurança. Padronizar e uniformizar os processos e procedimentos é requisito para a melhoria da qualidade e segurança do paciente. Por isso, a instituição deve garantir que os arquivos pessoais de cada membro da equipe estejam organizados e mantidos atualizados de acordo com a política do hospital, assegurando ainda o registro das avaliações de desempenho individual e treinamentos. Desta forma, poderá avaliar e planejar continuamente a estratégia de recursos humanos, conforme necessário. Sabemos que errar é humano e que, em todo o mundo, observam-se elevadas taxas de incidentes derivadas da prática do cuidado não sistematizado. Um incidente pode acarretar em dano ao paciente, incluindo o dano permanente ou morte. Assim, o processo de busca da melhoria da qualidade e segurança deve contemplar a sistematização dos processos para garantir as barreiras para reduzir a possibilidade e a ocorrência de incidentes e, principalmente, atingirem o paciente. Assegurar as melhores práticas é papel da instituição que almeja alcançar a qualidade. Não é incomum que se administre medicação incorreta no paciente, por conta de uma identificação falha, por exemplo, ou operar o paciente errado ou o local de procedimento errado. Também não é nada incomum, pacientes adquirirem infecções relacionadas à assistência à saúde, em decorrência de falhas nas técnicas e processos de higienização das mãos dos profissionais que prestam o cuidado. Daí a importância de implementar os Protocolos Básicos de Segurança do Paciente e se estabelecerem procedimentos para sistematizar e uniformizar a prestação do cuidado, os registros das informações e a redução dos riscos, entre outros. Não podemos falar em melhoria da qualidade e segurança sem abordar a educação permanente, continuada. Profissionais devem passar por treinamentos de reciclagem com a frequência definida pela instituição, ou a cada dois anos. A instituição também deve definir seu Time de Resposta Rápida que será capacitado e reciclado periodicamente nas técnicas de ressuscitação e protocolos para atuar no atendimento imediato, nos casos de emergência. Instituições de saúde que contam com estudantes e estagiários precisam conhecer seu nível de formação, definir suas competência e atribuições, além de identificarem e supervisionarem adequadamente essa força de trabalho. Ou seja, a instituição deve assegurar um bom programa de treinamento, com supervisão e conteúdo que contenham os aspectos previstos no Programa de Melhoria da Qualidade e Segurança e Gerenciamento de Riscos e os mesmos sejam avaliados com base no Programa. Se a força de trabalho é de tamanha importância para uma organização de saúde, é tal qual importante cuidar da saúde de tamanha “riqueza”. Existem inúmeros estudos relatando os riscos envolvidos quando profissionais fora de condições de trabalho, exauridos, estafados, com problemas emocionais, desenvolvem suas funções. A sobrecarga de trabalho também é um fator precipitador de erros e do aumento a mortalidade nos serviços de saúde. Assegurar a segurança do profissional e sua saúde e integridade, prevenindo e mitigando a exposição aos riscos ocupacionais é essencial para proporcionar um atendimento seguro ao paciente. A instituição que busca a melhoria da qualidade e segurança deve desenvolver um programa proativo para identificar e reduzir os riscos de segurança para os profissionais, e também monitorar as medidas sobre esta exposição e sobre riscos e injúrias ocupacionais para demonstrar a melhoria. Um bom programa abrange aspectos como a melhoria da saúde e qualidade de vida, controle do tabagismo, monitoramento de acidentes no trabalho, prevenção e monitoramento dos riscos ocupacionais e do ambiente, entre outros. |
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